Os trabalhos de sondagens prévias e acompanhamento arqueológico da remoção dos revestimentos das paredes de um edifício sito na Rua dos Mercadores (Morro da Sé, Porto) revelaram alguns aspectos inesperados da estrutura daquele prédio que indiciam uma história evolutiva mais complexa do que inicialmente era expectável, admitindo-se inclusive uma mudança de funcionalidade daquele edifício, que chegou até nós como de habitação.
Assim, a equipa Dryas responsável pela realização dos trabalhos, que ocorrem no quadro de uma intervenção de reabilitação urbana da Porto Vivo, fez apelo à Morph para obtenção rápida de informações sobre as questões levantadas por essas descobertas, a fim de poder caracterizar mais detalhadamente a estrutura em questão e orientar da forma mais eficaz o prosseguimento da intervenção corrente de Arqueologia.
Em resposta, a Morph realizou uma rápida inspecção geofísica por detecção remota: com recurso à técnica do georradar, e usando uma antena de 800MHz da Mala Geoscience, que garante uma penetração da ordem dos dois metros de profundidade, em pouco menos de duas horas foi possível obter resultados determinantes para a comprovação da existência e extensão dos vãos existentes por detrás da parede do fundo do edifício.
Este trabalho não-intrusivo permite hoje, graças à evolução tecnológica destes sistemas, obter dados com precisão centimétrica, Para mais, a velocidade de execução da inspecção, que agora ficou mais uma vez demonstrada nesta intervenção de Arqueologia preventiva, tornam esta tecnologia particularmente relevante para o futuro da Arqueologia urbana e, em particular, da Arqueologia do edificado.
Estes resultados serviram assim para desenhar uma estratégia de intervenção arqueológica para o local fundamentada em dados observados, garantindo-se a maior qualidade e eficácia na recuperação da informação histórica preservada neste edifício o qual, até em virtude da sua localização em zona classificada como património mundial e pela reconhecida importância da Rua dos Mercadores como artéria fulcral da vida económica do Porto medieval, justifica a realização de trabalhos particularmente meticulosos de documentação.